
Ontem, quando disse que os ministros do Supremo eram incompreensíveis de propósito estava certo. Mesmo os próprios ministros não entenderam os votos dos colegas na decisão das células-tronco.
Quem não acompanhou a sessão de hoje perdeu um belo show. Cezar Peluso, o mais ininteligível de todos se retratou quando a sessão começou. Ele disse que todo o país não havia compreendido o voto dele. Apesar de ele ter feito ressalvas no seu voto, disse que fez apenas observações, votando integralmente a favor das pesquisas.
O fato gerou discussão no final. Apenas Peluso achava que estava votando com a maioria da Corte, o que os outros ministros não entenderam. Ele chegou a dizer para um deles: "E eu? Por que o senhor está me excluindo?".
Poesia
Terminou então a sessão mais subjetiva e poética do Supremo. Sentirei falta de indagações e puxações de saco eruditas:
Convenhamos: Deus fecunda a madrugada para o parto diário do sol, mas nem a madrugada é o sol, nem o sol é a madrugada. (Carlos Ayres Britto, justificando porque o embrião não é pessoa)
Tal como se dá entre a planta e a semente, a chuva e a nuvem, a borboleta e a crisálida, a crisálida e a lagarta (e ninguém afirma que a semente já seja a planta, a nuvem, a chuva, a lagarta, a crisálida, a crisálida, a borboleta). O elemento anterior como que tendo de se imolar para o nascimento do posterior. Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa humana, passando necessariamente por essa entidade a que chamamos “feto”. (Carlos Ayres Britto)
Mas as três realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Esta não se antecipa à metamorfose dos outros dois organismos. É o produto final dessa metamorfose. (Carlos Ayres Britto)
Não vejo qualquer ofensa à dignidade humana o uso de pré-embriões inviáveis ou congelados que não teriam como destino senão o lamentável descarte. Estão fadados ao lixo sanitário. Dá-se-lhes, portanto, uma destinação nobre (Celso de Mello)
Esse notável voto [do relator] representa a aurora de um novo tempo, impregnado de esperança para aqueles abatidos pela angústia da incerteza (Celso de Mello)
O luminoso voto proferido pelo eminente ministro Carlos Britto permitirá a esses milhões de brasileiros, que hoje sofrem e que hoje se acham postos à margem da vida, o exercício concreto de um direito básico e inalienável que é o direito à busca da felicidade e também o direito de viver com dignidade, direito de que ninguém, absolutamente ninguém, pode ser privado. (Celso de Mello)
Não vejo qualquer ofensa à dignidade humana o uso de pré-embriões inviáveis ou congelados que não teriam como destino senão o lamentável descarte. Estão fadados ao lixo sanitário. Dá-se-lhes, portanto, uma destinação nobre (Celso de Mello)
Esse notável voto [do relator] representa a aurora de um novo tempo, impregnado de esperança para aqueles abatidos pela angústia da incerteza (Celso de Mello)
O luminoso voto proferido pelo eminente ministro Carlos Britto permitirá a esses milhões de brasileiros, que hoje sofrem e que hoje se acham postos à margem da vida, o exercício concreto de um direito básico e inalienável que é o direito à busca da felicidade e também o direito de viver com dignidade, direito de que ninguém, absolutamente ninguém, pode ser privado. (Celso de Mello)
Na foto, Peluso, o incompreensível
2 comentários:
Muito bom o post, as falas foram ótimas!
bjos
Muito bom o texto.
concordo inteiramente contigo e sou da área técnica....
eles são realmente ridículo e nessa questão das células imitaram mediocremente as dicussões das cortes americanas...
triste
Postar um comentário